quinta-feira, 14 de junho de 2012

Escolas matam a criatividade?

Bem, achei o vídeo muito interessante, e como tudo que é interessante, há sempre pontos a serem discutidos tanto positivamente quanto negativamente.
Primeiramente, Ken Robinson inicia seu discurso "tentando" tratar com humor um ponto crucial e que infelizmente podemos dizer que sentimos na pele: o fato de trabalharmos com educação. Como isso pode ser visto com tamanho desprezo pela sociedade? Não digo apenas da questão salarial, ou pelo fato de que a maioria dos pais acham que seus filhos são de nossas responsabilidades, mas digo pela carga preconceituosa que nossa profissão traz. Quem nunca ouviu um: Nossa! ou senão um simples arregalar de olhos que demonstram decepção quando vc diz: sou professora! Ou até mesmo os mais ousados que soltam: Coitada!Desculpe o termo, mas isso é um SACO! Confesso que tento, mas em alguns momentos acho que o erro realmente está em mim, em ser professora.
Certa vez ouvi de uma infeliz criatura que puxei papo em um onibus a seguinte frase: É díficl a gente escolher o que vai ser não é? Só sei de uma coisa, nunca vou querer ser professora! Acho que só escolhe ser professor que não tem competência pra fazer engenharia, medicina, ou qualquer outra coisa. E claro, para terminar e fechar com chave de ouro ela me olha e diz: Você não acha? O que você faz?
Eu, totalmente perplexa respondi: Sou professora! kkkkkkkk
Hoje soa como engraçado, mas na hora foi um misto de constrangimento, indignação, raiva e ainda ter que pensar como responder a isso com educação, afinal, sou professora e mexo com educação em todos os níveis interpretativos da palavra. 
Bem, deixando as lamúrias no que diz respeito a visão "pequena e turva" da maioria da população, outro ponto que Ken Robinson apresenta e que de verdade me irrita é: Como é fácil as pessoas criticarem a escola? Ou seja, a escola não serve pra nada! Sinceramente, isso me deixa furiosa.
Claro que há lacunas a serem preenchidas, vertentes a serem mudadas e melhoradas, erros, como em TODA profissão e ambiente de trabalho, mas por que só a escola recebe críticas?
É muito fácil um "bambambam" que nunca sequer entrou em uma sala de aula escrever textos lindos e maravilhosos dizendo como a escola deveria ser, ou como o professor deve preparar e administrar suas aulas. Papel aceita tudo! Mas a prática é completamente diferente.
Concordo que a educação em muito precisa mudar! Concordo que o professor precisa se empenhar um pouco mais e começar a refletir em que tipo de pessoa pretende formar a partir do que ensina, mas temos muitos professores bons, mesmo dando aulas na forma tradicional que tanto é criticada, e temos péssimos professores que sempre pregam um ensino diferenciado e significativo que não honram seu discurso quando em sala de aula.
Muitas verdades foram sim ditas por Ken Robinson, mas é seu ponto de vista no que diz respeito a educação, como ele mesmo disse, falar de educação é tão dificil quanto falar de religião, time de futebol, etc.
É bom termos cuidado com o que ouvimos, lemos e vemos sempre. Filtrar as informações não é uma tarefa fácil, mas a meu ver, faz-se necessária até mesmo quando dizemos ou ouvimos um bom dia como cumprimento enquanto andamos na rua.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

O perigo de uma história única

O discurso apresentado no vídeo é capaz de nos fazer refletir sobre inúmeras coisas, principalmente sobre a formação de nossos alunos.
Quando vamos a escola levamos uma bagagem de visões sobre fatos que são capazes de caracterizar quem somos. Entretanto, não podemos esquecer que esse olhar é a forma que cada um de nós enxergamos o mundo e as situações que nos são apresentadas, podendo modificar-se a partir de cada observador, de seus valores pessoais e de suas crenças. Ou seja, a sala de aula nada mais é que um cenário híbrido e heterogêneo composto por seres dotados de direitos e deveres principalmente no que diz respeito a sua postura e opinião.
Dessa forma, é importante que essas visões sejam reveladas e discutidas, mas sempre com respeito pela opinião do outro. Devemos tirar os olhos de nosso umbigo e enxergar o mundo de forma ampla, de outras perspectivas. Não é defeito se confundir, não é ruim estar errado, desde que esteja aberto a entender o motivo de seu equívoco e consertá-lo. Aprender a partir dos erros... Passo importante não só dentro da sala de aula, mas sim para a vida de forma geral.
Como Freire apresenta, o aluno não é um jarro vazio, é um ser dotado de conhecimentos que devem ser respeitados e confrontados de maneira correta para que haja aprendizado. 
Como então pensar em um currículo nacional? Como igualar o ensino de forma que todos recebam o mesmo conjunto de conhecimentos se estamos falando de seres diferentes, em locais distintos com necessidades diversificadas?
Não podemos pensar em formar um conjunto homogêneo de seres com pensamentos e conhecimentos iguais.
Olhar além! Sair da caverna...
Freire é enfático ao discutir sobre o processo de ensino, pois o professor deve ser crítico, reflexivo, pesquisador e principalmente, deve saber respeitar o educando, seus conhecimentos, suas dúvidas, o ambiente em que trabalha e a si mesmo. É respeitando que se adquire respeito!
Trabalhamos na formação de GENTE! GENTE que pensa e sabe reconhecer que o outro também é GENTE e deve ser respeitado.
Freire apresenta um trecho que a meu ver é capaz de resumir tudo o que se deve pensar sobre educação, ensino, cidadania, respeito e visão de mundo. Um trecho que é capaz de nos fazer pensar sobre a história que construimos e analisá-la de modo não torná-la única, de não torná-la nossa prisão ou a venda de nossos olhos: "(...) não é minha arrogância intelectual a que fala de minha rigorosidade científica. Nem a arrogância é sinal de competência, nem a competência é sinal da arrogância. Não nego a competência, por outro lado, de certos arrogantes, mas lamento neles a ausência da simplicidade que, não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente mais gente." (FREIRE, 2011, p.143)