quarta-feira, 13 de junho de 2012

O perigo de uma história única

O discurso apresentado no vídeo é capaz de nos fazer refletir sobre inúmeras coisas, principalmente sobre a formação de nossos alunos.
Quando vamos a escola levamos uma bagagem de visões sobre fatos que são capazes de caracterizar quem somos. Entretanto, não podemos esquecer que esse olhar é a forma que cada um de nós enxergamos o mundo e as situações que nos são apresentadas, podendo modificar-se a partir de cada observador, de seus valores pessoais e de suas crenças. Ou seja, a sala de aula nada mais é que um cenário híbrido e heterogêneo composto por seres dotados de direitos e deveres principalmente no que diz respeito a sua postura e opinião.
Dessa forma, é importante que essas visões sejam reveladas e discutidas, mas sempre com respeito pela opinião do outro. Devemos tirar os olhos de nosso umbigo e enxergar o mundo de forma ampla, de outras perspectivas. Não é defeito se confundir, não é ruim estar errado, desde que esteja aberto a entender o motivo de seu equívoco e consertá-lo. Aprender a partir dos erros... Passo importante não só dentro da sala de aula, mas sim para a vida de forma geral.
Como Freire apresenta, o aluno não é um jarro vazio, é um ser dotado de conhecimentos que devem ser respeitados e confrontados de maneira correta para que haja aprendizado. 
Como então pensar em um currículo nacional? Como igualar o ensino de forma que todos recebam o mesmo conjunto de conhecimentos se estamos falando de seres diferentes, em locais distintos com necessidades diversificadas?
Não podemos pensar em formar um conjunto homogêneo de seres com pensamentos e conhecimentos iguais.
Olhar além! Sair da caverna...
Freire é enfático ao discutir sobre o processo de ensino, pois o professor deve ser crítico, reflexivo, pesquisador e principalmente, deve saber respeitar o educando, seus conhecimentos, suas dúvidas, o ambiente em que trabalha e a si mesmo. É respeitando que se adquire respeito!
Trabalhamos na formação de GENTE! GENTE que pensa e sabe reconhecer que o outro também é GENTE e deve ser respeitado.
Freire apresenta um trecho que a meu ver é capaz de resumir tudo o que se deve pensar sobre educação, ensino, cidadania, respeito e visão de mundo. Um trecho que é capaz de nos fazer pensar sobre a história que construimos e analisá-la de modo não torná-la única, de não torná-la nossa prisão ou a venda de nossos olhos: "(...) não é minha arrogância intelectual a que fala de minha rigorosidade científica. Nem a arrogância é sinal de competência, nem a competência é sinal da arrogância. Não nego a competência, por outro lado, de certos arrogantes, mas lamento neles a ausência da simplicidade que, não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente mais gente." (FREIRE, 2011, p.143)







Um comentário:

  1. Traduziu muito bem esse processo de gentificação do qual Freire trata tão bem e que realmente o video assistido nos remete...

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