sexta-feira, 9 de março de 2012

Contagie-me Rubem Alves!

Venho me tornando uma apaixonada por Rubem Alves.

Cada vez que leio suas palavras, sinto-me segura e tomada pelo sentimento de que "as coisas podem melhorar!".

Quando começo a pensar sobre minha profissão, PROFESSORA, um misto de sentimentos toma conta de mim: pavor, desespero e de repente uma calma que faz um sorriso de canto de boca aparecer discretamente.

Não tenho tanta experiência em sala de aula, mas o pouco de contato que tive me fez ter uma certeza: Gosto de ser professora! 
Escolhi uma disciplina não muito agradável a olhos de muitos (ou será que fui escolhida por ela?), e me lembro como se fosse hoje meu primeiro dia de aula: TERRÍVEL! Cheguei com a ferradura trocada e cheia de "panca", com a estúpida ideia de que para ter o respeito de meus alunos tinha que ser "Brava!".

Imaginem só, uma pirralha de 1,60m e ainda por cima mulher... deve ser a nova professora de história! ou quem sabe língua portuguesa? inglês?

Pois é... foram essas indagações que vi no olhar desconfiado de cada "pestinha" que ali se encontrava sem ter a noção do amor que iria nascer dessa relação, sem ter a noção que conhecê-los seria algo para marcar minha vida toda.

Não preciso dizer que esse pensamento arcaico de ter que ser a "bruxa" para que me respeitassem foi por terra não é? 
Comecei a refletir sobre como atingir meus alunos e fazê-los entender o por quê de aprender...

Claro, uma resposta dessas não surge simplesmente de reflexões! 
É necessário que algo te inspire, te instigue, te faça ter a referência sobre o que refletir. Foi assim que percebi que apenas uma pergunta não era suficiente, primeiramente era preciso que eu entendesse MEU PAPEL como professora. É nesse ponto que Rubem Alves entra em cena.

Em Receita pra se comer queijo o escritor diz que "a cabeça não pensa aquilo que o coração não pede. Anote isso: conhecimentos que não são nascidos do desejo são como uma maravilhosa cozinha na casa de um homem que sofre de anorexia. Homem sem fome: o fogão nunca será aceso. O banquete nunca será servido (...) A tarefa do professor é a mesma da cozinheira: antes de dar faca e queijo ao aluno, provocar a fome... Se ele tiver fome mesmo que não haja queijo ele acabará por fazer uma maquineta de roubar queijos...

E foi justamente nesse ponto que me apeguei: Como despertar a fome em meus alunos? Como fazê-los ter vontade e desejo de aprender?
A resposta que chegue? Foi única: NÃO SEI! 

E posso garantir que essa é a pior resposta que um ser humano pode ter diante de suas dúvidas e de seus questionamentos, principalmente se forem referentes a sua profissão.

E por este motivo concluí que era necessário voltar a estudar URGENTEMENTE! Era preciso me amadurecer no que diz respeito a minha prática para que dessa forma conseguisse atingir meus alunos. 

E por que isso? Simples... Porque, como disse mais acima, não fazia ideia de como é apaixonante e gratificante ouvir: Olá professora!
Descobri um sentimento por ser professora que é novo, diferente e viciante.

Esse sentimento não surgiu do nada ou porque eu quis, mas foi despertado a partir de minha relação com meus alunos e nada mais justo que poder retribuí-los com essa mesma paixão voltada ao conhecimento (por mais que sejam outros alunos).

Para terminar... busco poder responder minhas questões e acredito que as reflexões que surgirão daqui pra frente me encaminharão para isso. 

Ah, esqueci de dizer... a matéria que me fez ter a honra de ser professora é a "Física"!. 

Daí surge a questão: Por que ensinar Física? ou mais adiante, Por que aprender sobre Física?

Isso é assunto para novas postagens. Por hoje, limito-me apenas a inserir-me como professora neste blog de reflexões e discussões.

Quem tiver o interesse em ler na íntegra o texto de Rubem Alves, segue o endereço deste na internet.

Até a próxima! ;)

 




2 comentários:

  1. Me identifiquei demais com o que escreveu!
    Ainda mais por também ser professor de matéria "demonizada" a matemática.

    Realmente não se pode aprender sem que estejamos, primeiramente, dispostos a aprender.
    E como provocar esse desejo de aprender?
    Também não sei, mas sei que a cada aula eu fico mais próximo da resposta!

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  2. Pois é Bruno, a gente não entende muito bem como as coisas acontecem, elas simplesmente acontecem! Ser professor não é fácil, ou melhor, lidar com gente não é fácil. Entretanto, temos que ter sempre acesa a chama de que vale a pena. Mesmo naqueles dias em que tudo conspira contra você e de repente se pega questionando: O que estou fazendo da minha vida? Penso que ainda vale a pena, mas só se acreditar realmente nisso, do contrário, melhor "pôr a viola no saco" e ir tocar em outra freguesia não é?! Eu ainda estou tentando, ainda estou convencida de que vale a pena! E espero continuar assim! ;)

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