sexta-feira, 27 de abril de 2012

Modernidade e Pós modernidade

Há alguns dias, publiquei um texto em que refletia um pouco sobre modernidade, pós modernidade e currículo. Este texto elaborei a partir de algumas leituras que estava fazendo, leituras essas que me ajudaram a clarear um pouco as ideias sobre essas tendências ou vertentes (ainda não sei bem como chamá-las).
Entretanto, hoje apresento uma apanhado um pouco mais conciso, visto que o tema foi abordado em sala de aula e melhor trabalhado pela professora.
Como disse em uma postagem anterior, prefiro trabalhar os assuntos de forma livre e não narrá-los como uma história em que fui mero expectador. Dessa forma, a explicação sobre modernismo e pós modernismo será apresentada de forma dissertativa e pelo menos, tentarei fazê-la de forma compreensível.
Tanto a modernidade quanto o pós-modernismo foram movimentos resultados das mudanças ocorridas nas esferas da Ciência, artes e sociedade.
A modernidade inicia-se no Iluminiso, em que o homem assume o lugar de Deus tendo como foco principal de suas ações e pensamentos a razão. 
O sujeito durante a modernidade é coletivo, movido pelas grandes narrativas que tratavam de assuntos como um todo. O homem era resultado daquilo que ele produzia.
O quadro da Ciência era positivista e determinista, buscavam explicações para o que se vê, as teorias queriam desvendar o mundo e compreendê-lo como um todo, e como eram feitas as suas inter-relações.
As artes buscavam também através de suas expressões o entendimento desse mundo ordenado e regido por leis exatas que explicavam a "realidade como ela realmente era".
Com o mundo, a Ciência, a arte e a sociedade regida e estruturada de forma linear, o currículo construído também era inspirado nessa estruturação, em que se partia de uma base comum e ramificava-se em saberes especializados.
Surge então as críticas ao ensino tradicional inspiradas nas teorias críticas, como exemplo, Paulo Freire e Apple, que refletiam o conhecimento em sua origem e a forma de abordá-los na formação do cidadão. Refletia-se sobre a práxis do professor (Prática reflexiva e modificada a partir dessas reflexões).
Após a segunda grande guerra, a recuperação dos países e os avanços da Ciência e da tecnologia apresentam conceitos como: caos, desestruturação, entropia, reformulação, dando início a um novo modo de pensar o mundo e o sujeito. Inicia-se o pós modernismo, um termo ainda questionado por muitos autores e em construção.
O pós modernismo surge com a ideia de desconstrução: Criticar nos discursos existentes o que estava nas entrelinhas, ou seja, criticar o que não foi dito em meio ao que foi dito.
O sujeito começa a se fraguimentar junto com a sociedade e a Ciência. Investiga-se cada vez mais o individual, a partícula, o grupo pequeno, os interesses subjetivos, perdendo-se a relação com o todo e com o sonho comum que antes estava presente nas grandes narrativas.
As artes tornam-se fluidas, saindo dos estudios e alcançando as ruas (tudo vira arte!) e questiona-se a razão, que não explica tudo, não alcança a problemática das individualidades desse novo sujeito que deixa de ser coletivo.
Customização, personificação e banalização marcam o pós modernismo.
A filosofia marxista começa a ser criticada pelas ideias de pequenas narrativas como sexualidade, direitos subjetivos, gêneros... ou seja, olha-se para seu próprio umbigo!
Começa-se a enxergar o homem como sujeito com direitos, vontade e deveres, mas de forma subjetiva, não na estrutura da sociedade como um todo.
O currículo também perde essa estruturação. O conhecimento não parte mais de uma base comum, eles se relacionam e se emaranham. O número de informações torna-se algo assustadoramente grandioso de forma que acompanhá-las e reconhecer a partir dessas o conhecimento intrínseco torna-se algo inalcançável. Olha-se a superficialidade. 
Surgem as teorias pós-críticas de currículos que focam nos discursos pequenos e subjetivos sem ampliá-los de forma global.
O conhecimento, os bens, as relações, os valores, tornam-se líquidos, fluidos, passageiros!
Diante disso vê-se que o currículo não é apenas organização de disciplinas, mas também é práxis. Composto de teorias, explicações e prática reflexiva em sala de aula, possui o objetivo de formação do aluno. Mas, que aluno? Que formação? O que ele precisa saber? Como ele precisa saber? O currículo também é fluido diante dessa visão pós moderna? O conhecimento tido como importante hoje não o será mais adiante? Quem define isso?
Questões a serem pensadas, re-pensadas e discutidas.
O que penso? Bem... é muito fácil escrever dando diretrizes de como se deve ou não agir ou ver o conhecimento, visto que papel aceita tudo e esse tudo fica lindo e colorido. Mas também vejo que é mais fácil ainda criticar o que está escrito usando o subterfúgio de que é difícil, impossível, a escola não aceita mudanças, os alunos não estão a fim, não tenho tempo, não tenho conhecimento para um trabalho de tal natureza e por aí vai...
Então, sobre mim, sobre miha prática, sobre visão como professora, pesquisadora e cidadã que pensa e reflete (e lê um pouco, não tanto quanto devia, confesso!), creio que o início de tudo é o professor acreditar em seu trabalho e nos objetivos que pretende alcançar. Tendo estes objetivos sólidos e fortificados, acreditando que o trabalho que desenvolve realmente é bem feito (seja tradicional, crítico, pós-crítico) com certeza fará a diferença em seu modo de agir, de falar, de comportar, de tratar, de respeitar e de abordar o conteúdo a ser trabalhado em sala (escolhido por ele ou em concordância)!
Até a próxima postagem ;)

4 comentários:

  1. Gostei do seu blog Cris. Você fez um ótimo apanhado da aula. Em relação ao seu questionamento, além do professor ter este senso de acreditar no que faz e fazê-lo de modo bem feito, acrescento a postura diagnóstica e reflexiva que deve permear sua prática. Ou seja, dele adotar o currículo como práxis, como você já mencionou no seu texto. É do professor querer melhorar, mesmo que seja só um pouquinho devido a tantos empecilhos e condicionantes, mas este pouco já é um avanço. Abraço!

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  2. Pois é Tadeu, concordo com vc, mas ultimamente ando pensando muito que o professor precisa realmente acreditar e entender a importância do que faz e ensina, sabe?! Não adianta, a meu ver, textos e mais textos explicando e mostrando como deve ser se o próprio professor acha aquilo tudo balela. Estou cansada de ouvir isso, que tudo o que falamos em sala de aula, principalmente pros licenciandos, é blábláblá, que só funciona no papel, que a realidade é outra. Eu concordo plenamente que há sim muitas dificuldades, mas se você acredita, as dificuldades se tornam desafios a serem enfrentados e não empecilhos.

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  3. Você processou muito bem, de maneira esclarecedora a questão que discutimos sobre modernidade, pós-modernidade e currículo. E saiba, muitas vezes, deixar perguntas é uma maneira de chegar às respostas. Você faz isso de maneira singular em seus textos.

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